Parei a
escrita por uns tempos. Confesso que algo desalentado e desgastado com tudo o
que passámos. Com as porradas que levámos de todo o lado este ano, fiquei
ferido, e muito. Senti-me nos últimos meses como saído da Ovibeja (grande
exposição do Sul, em Beja, de 24 a 28 de abril, não percam) nos meus tempos
áureos que as ressacas me mandavam abaixo por uma semana. Ou mais.
Adiante. As
eleições obrigaram-me também a um período de reflexão. Tinha convicção que iria
votar no mesmo candidato de há 2 anos que ganh…perdão, ganhou mas perdeu, mas
obrigava-me o meu dever cívico a que lesse todos os programas eleitorais e que
visse todos os debates para melhor opinião formar. Recebi os votos por
correspondência para enviar mas desloquei-me a Lisboa. Cheirar um pouco o
Sportinguismo!
Sentia-se no ar o cheiro da mudança. Notava-se na cara das
pessoas que muitos (atenção, 50% dos sócios com possibilidade de voto
compareceram!) estavam lá sabendo e sentindo a importância do momento. A noite
marcou uma mudança de atitude. De espírito. O novel presidente saiu à rua e, de
forma improvisada, misturou-se com o povo! Há quanto tempo não víamos isso? A
tomada de posse foi aberta ao público. Aos sócios. A nós todos. Há quanto
tempo? O presidente foi ao banco no 1º jogo. Medida populista, dizem. Bom
presságio! Desde Santana Lopes (lembram-se os anos?) que um presidente de
Sporting não iniciava a ganhar no seu 1º jogo oficial. Bom presságio. “Devia-se
defender, não pode expor-se daquela maneira” dizem muitos. Concordo em parte.
Mas vimos uma comunhão e uma alegria nos jogadores diferente. Vimos um sócio
como nós a festejar uma vitória como nós festejamos. Com paixão. Isso tem de
marcar a diferença nesta nova fase da nossa vida.
As famílias antigas, diz-se
no Alentejo, que não tinham luz nem televisão, entretinham-se a conversar e a
rirem-se dos peidos do pai até ficar escuro, e depois o pai e a mãe faziam
moços até às tantas! Divertiam-se. Com pouco, mas eram felizes. Felizes como
nós éramos à chuva no velhinho Estádio José Alvalade. Como éramos felizes
quando íamos ao pé dos nossos craques até ao campo de treinos, sacando um
autógrafo ou “apertando” com eles para marcarem mais golinho no fim de semana.
Quando íamos ver os jogos à Nave de Alvalade antes do futebol. Éramos mais
felizes. Sem SAD's. Sem mordomias. Mas com paixão. Que faz falta. O que nos
alimenta os sonhos e que nos une continua a ser o Sporting, e não a cotação das
ações na bolsa, as restruturações ou as holdings. Bruno de Carvalho devolveu um
pouco disso neste pouco tempo. Chegará? Será suficiente? Faltará arcaboiço para
segurar o toiro? Não sabemos.
O que sei é que hoje voltei a escrever. Por
paixão. Por um motivo: Depois de ler a entrevista do Dr. Daniel Sampaio (penso
que pessoa idónea, que não tem currículos a circular na net com empresas
falidas nem lhe chama Vale e Azevedo, como os defensores da continuidade ainda
continuam a apelidar) ao DN sinto-me enojado. Traído. Enganado. Se não tenho a
ideia - nem ninguém terá - da gravidade real da situação financeira, fico
descansado por termos varrido uma gorja, uma seita, um grupo de indivíduos que
conspiravam, que pressionava, que agia em seu nome e por seu nome, sem
respeitar aqueles que são realmente importantes e a mola real de qualquer
clube, os sócios. Mais grave, das 3 páginas que li…não havia paixão em quem nos
liderava. Penso que, se houvesse dúvidas de todos os defensores da linha
anterior, muito mal seria que depois desta entrevista ainda alguém os
defendesse. Prefiro pensar que já passou. Que não fui a Bilbau em vão, que não
pago quotas em vão, que não discuto, defendo e opino sobre o meu Sporting em
vão. O Sporting que eu amo é o Sporting Clube de Portugal. Aquele que entra em
campo todos os fins de semana, com a verde e branca vestida em campos,
pavilhões, pistas ou carreiras de tiro (sim, somos campeões nacionais de tiro
com carabina, não sabiam?). Essa é a minha paixão, e é essa que quero reter. O
resto? O resto é merda meus amigos. E já lá vai. Graças a Deus. Ou quem sabe ao
Papa Xico, nunca se sabe.
Cajó
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