Paulo Cristóvão vs José Eduardo Bettencourt

Paulo Cristóvão, 38 anos, tem pautado o seu discurso por uma maior agressividade e optando por, como eu costumo dizer, mandar tiros para o ar. Talvez por ser mais novo ou até pela sua antiga profissão, inspector da Polícia Judiciária, Cristóvão não se priva de atacar o seu adversário. Por outro lado, mostra-se ambicioso no seu discurso, cheio de ideias e, sem dúvida, com vontade de mudar o Sporting.

Já Bettencourt, mantém o seu discurso num tom mais "low profile". Sereno, prefere "jogar" na expectativa não entrando no jogo de Paulo Cristóvão. Aliás, uma das discordâncias entre ambos é o facto de Bettencourt recusar realizar um debate com Cristóvão. José Eduardo Bettencourt mantém um discurso assente nos problemas financeiros do clube, não esquecendo a vertente da equipa de futebol e da sua "bandeira", Paulo Bento.

Aqui ficam algumas frases marcantes das candidaturas de Cristóvão e Bettencourt:

PPC - "Reitero o convite para realizar debates, generalistas ou temáticos. Só assim demonstra respeito pelos sócios, pois já Platão e Sócrates diziam: o debate é a razão de todas as coisas."

JEB - "Tenho pouca paciência para debates." "Quando antes de o conhecer cara a cara, já estou conotado e crio condições para empurrar adversários pelas escadas, acham que a minha vontade é enorme para me sentar num debate?"

PPC - "Já o disse publicamente – como presidente do Sporting nada, como presidente da SAD no máximo 20 mil euros por mês. Temos pena, não tenho de estar a olhar para aquilo que ganho hoje porque também vou perder e não ando a chorar-me por aí."

JEB - "Mas há um limite a partir do qual não consigo abdicar. Se fosse solteiro trabalhava de borla. Não sou. Defini como tecto máximo 400 mil euros brutos por ano. Não conheço muitas pessoas que tenham ido por menos..."

PPC - "O passivo não me assusta. O que me preocupa é o défice de tesouraria. Dentro do nosso pragmatismo e da banca, chegaremos a uma solução de consenso que permita desafogarmo-nos nos primeiros tempos. Apontamos para uma redução de 30 milhões de passivo no final do mandato. Queremos fazer bons negócios com vendas de direitos desportivos."

JEB - "Falta o mais importante: fechá-lo (Projecto Financeiro). Sem isso, trabalha-se com muita dificuldade. Admito acrescentar contributos mas este problema tem de ser atacado pela raiz, não vai lá com festinhas. E não é baixando spreads. Sem passivo a 140 milhões, sobrevive-se mas com dificuldades."

PPC - "Nem que seja a última coisa que faça, o Sporting vai ter um pavilhão ao pé do estádio."

JEB - "Temos de trabalhar de acordo com as prioridades. E essa é toda para o pavilhão. É algo que nós sentimos que tem de ser feito neste mandato."

PPC - "Admito vender, dar, comprar... Tudo. Mas há jogadores do actual plantel com os quais não conto para a próxima temporada. Quando se assiste aquele espectáculo no aeroporto de jogadores a dizerem mal uns dos outros, acusarem que alguns falavam de mais... É sinal que alguma coisa não está bem."

JEB - "Temos de perceber o que está mal, a comunicação emocional tem falhado. E os jogadores têm de participar mais... Lembro-me daquela celebração de golos em que a equipa formava um círculo no meio-campo com Sá Pinto, Dominguez... Adorava ver aquilo. Galvaniza-me." "Os indivíduos são, de forma geral, egoístas. Um profissional de carreira curta tende a ser mais. Vou ter dificuldades em lidar com egoísmos que perturbem harmonias do conjunto mas, às vezes, nem os melhores resolvem conflitos."

PPC - "Eriksson é mais competente que Bento."

JEB - "Prefiro Paulo Bento."

PPC - "Falei pessoalmente com Eriksson."

JEB - "Treinadores de prestígio não assinam pré-contratos com candidatos".