O velhinho Alvalade e a Mística
Assinalou-se esta semana o aniversário
sobre a queda do varandim do José Alvalade. Dia negro, onde mais uma vez estive
presente, e que nos marcou a todos os que percorreram as varandas do estádio em
busca de uma cara conhecida cá em baixo, de um amigo para enviar o cartão de
sócio e poupar umas massas, ou para ver as meninas das promoções com os seus
tops que cá de cima, em determinados casos, se conseguiam ver as cores das
cuecas por entre os vales que se projetavam lado a lado, qual dupla de
centrais…
Alvalade permitia um contacto
grande com os adeptos. Os campos de treino eram ali, lado a lado, e os
jogadores tinham de percorrer cerca de 200 metros a pé para irem treinar.
Formação incluída! Qual black out, qual porta fechada. O silêncio terminava
quando meia dúzia de adeptos perguntavam de forma respeitosa aos atletas porque
é que tinham falhado aquele golo ou dado aquele frango… O black out era diluído
quando se dizia ao Queiroz “como é possível tirares o lateral esquerdo e teres
metido o Capucho a segurar o Isaías??” ou quando se dizia cara a cara ao Dani
“cheiras a álcool miúdo, toma juízo”. Eram tempos de contacto que hoje em dia
se perdem com a Academia. Onde só se tem acesso a 10 minutos de treino e os
meninos saem de lá nos bólides a 100 à hora sem cumprimentarem o pessoal. Sou
apologista das condições de treino, do descanso, da privacidade, mas por amor
de Deus, os adeptos terão de ser sempre a mola real do clube! As místicas
também se criam com os abraços, os beijinhos, e porque não, alguns apertões!
Fazer filas paneleironas em centros comerciais para obter um autógrafo de 1
jogador que está sentado numa cadeira a “despachar” com a caneta é curto. Ir
agradecer às bancadas sem poder atirar as camisolas, festejar os golos agarrado
à rede, trocar 2 dedos de conversa com os adeptos e tirar uma fotos a caminho
do treino fazem a mística voltar. O velhinho alvalade tinha tudo isso. Não
tinha parques subterrâneos por onde os atletas podiam fugir, os diretores eram
esperados na porta principal e tinham de prestar esclarecimentos, e os
jogadores tinham de dar a cara, na velha 10 A, quer ganhassem, quer perdessem. Agora
falamos com eles via Twiter… Estávamos à chuva, é certo. Cadeiras só houve até
certo tempo na Bancada de Sócios e na Nova, os topos tinham degraus grandes mas
nem isso impedia a “avalanche” nos golos do nosso Sporting. São tempos que
recordo com saudade e que agora não existem. As barreiras são cada vez maiores
entre adeptos e atletas, e o “peso da camisola” só se sente ao fim de semana.
Mostrar o que é o Sporting também passa por fazer os miúdos novos, que chegam
com brincos nas orelhas, sapatos caros, e ainda não poisaram o avião já vêm a
falar em “dar o salto” e que “o sporting é o trampolim para entrar na europa”
sentir o povo! Para a ano que aí vem sinto que temos ao leme alguém que sabe a
importância disso. Sinto que o Coração de Leão nos pode levar a outro nível. Ao
nosso nível. Mas para isso há muito mais a fazer. Última jornada às 21.15 da
noite????? Brincadeira. Final da taça com bilhetes encomendados para os de
sempre? Onde pára o único clube de “Portugal”? Ao Jamor lá vamos cheios de fé.
Ganhar este troféu é imprescindível para iniciar a época sem fantasmas. Mas há
muito a fazer, pois temos de chegar a equipa mais perto dos adeptos. Sim, esses
mesmos, que são os melhores do mundo.
Cajó
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