Porque não olhar para os nossos?

PORQUE NÃO OLHAR PARA OS NOSSOS?

Baixou o pano na época desportiva. Tal como começou, terminámos em desilusão, com a derrota na final da Taça de Portugal. Contudo, e como ponto de honra há muitos anos, não falo do que está para trás depois do fecho da época (mais propriamente em épocas onde não ganhamos nada…) mas sim do futuro. Vai começar o que os ingleses chamam de “Silly Season”, ou como dizemos nós “a-época-das-notícias-bombásticas-sobre-reforços-irrealistas”, ou ainda como se diz no Alentejo a “época do vai-te-enganar-outro-pró-cacete”. Olhamos para dentro e vemos que teremos praticamente certos 4 jogadores titulares no Europeu – Patrício, Pereira, Schaars e Izmailov – e ops, as notícias dizem que 1 já saiu e 2 podem estar a caminho. Temos nos Jogos de Londres Capel que, ops, poderá sair! Perdemos o mal amado Polga, apenas 1 dos mais utilizados nos últimos 9 anos. E depois…bem depois temos como certos os regressos de Adrien, Wilson Eduardo, Cedric e Eric Dier… andamos atrás de um tal de Jefferson de 20 anos do Batafogo, a regatear se pagamos 1 milhão ou nem chegamos lá, perdemos o Hugo Vieira a custo zero, o Fabiano Freitas, e não sabemos o que fazer com Pongolle, Valdez, Bojinov e Grimi, onde temos, imagine-se, 15 milhões de Euros empatados… A solução será a de sempre, barremo-los com vaselina e enfiamo-los onde o sol não chega ou então rescindimos, ainda pagamos umas coroas para não termos de pagar os ordenados. A Silly Season, que normalmente nos enche de ilusão e onde voltamos a sonhar e a efectuar o movimento clássico do esfreganço de mãos acompanhado de um tal de “para o ano é que é” este ano está a tornar-se depressivo. A equipa de Juniores é campeã e não promovemos ninguém diretamente. Há anos, desde o anão Moutinho. Somos 4ºs, não temos dinheiro para reforços, perdemos as joias, e o Sá Pinto não poder ser o milagreiro de serviço, sob pena de se tornar mais um dos treinadores a cair no caldeirão como tem sido apanágio. Mas caramba, porque não acreditamos nos nossos? Na prata da casa. Olhamos para a seleção Nacional e temos, apenas, Patrício, Beto, Veloso, Moutinho, Nani, Ronaldo, Varela, Martins, Viana, Quaresma nascidos e criados em Alvalade. Serão João Mário e André Martins assim tão inferiores e menos fiáveis que Matias? Conseguirão ser Wilson Eduardo, Betinho e Gael Etock piores que Sebas e Bojinov? Serão Eric Dier, Tobias Figueiredo, Nuno Reis e Ilori piores que o americano, que eu, sinceramente, não consigo gostar, ou passarão tanto tempo no estaleiro como o Rodriguez? Utopias? Talvez. Mas o Sporting tem comprado mal há bastante tempo. Jogadores de qualidade duvidosa e sem hábitos de vitória demoram a saber o que é o Sporting. O que é jogar para ganhar todos os jogos. O que é ter de respeitar a melhor massa associativa do país. A entender que não nos podemos limitar a fazer um bom joguinho, dar meia dúzia de entrevistas, aparecermos nos jornais a sermos cobiçados por A e B. Muitos que cá chegam, nunca sentiram essa pressão. Basta ver que, dos emprestados, Bojinov desceu de divisão, Valdez passou a jogar a trinco e para não descer, Grimi nem sei, das contratações do ano passado apenas Capel tinha vencido alguma coisa. Esses hábitos, essa mística, os miúdos da formação trazem consigo. De ganhar ano após ano. De jogar sempre para vencer, e saber o que sucede no Sporting quando isso não acontece. Que se dê oportunidades aos nossos. Que se aproveite a melhor cantera do mundo. Que acabemos com as negociatas e com as comissões, os fundos e os fundinhos. E que os enquadremos com 2 reforços que entrem directos na equipa. Mais valias! Um central e um Avançado. Quando escrevo esta crónica, leio que perdemos 2 juniores para o Inter de Milão, e que Mourinho pretende ficar com Pedro Mendes, um central que nos demos ao luxo de emprestar…ao Real Madrid. Curiosidades, coincidências.

Nota de Rodapé: Que se olhe para o nosso Guarda Redes dos Juniores Rafael Veloso. Fica escrito.